O preço das apostas: Quem realmente ganha com os sites de BET? Foto: reprodução
Nos últimos anos, tornou-se quase impossível navegar pelas redes sociais ou assistir à televisão sem esbarrar em algum tipo de propaganda de jogos de aposta, as chamadas “BETs”. O que antes era nichado, hoje virou rotina. Influenciadores e celebridades, muitas vezes com milhões de seguidores, promovem essas plataformas com naturalidade, como se fossem apenas mais uma parceria publicitária qualquer.
Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 1 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes no primeiro semestre de 2024 por conta de apostas online. É um número alarmante que revela o tamanho do problema que está se formando. Já uma pesquisa realizada pelo Procon aponta que 39% dos apostadores têm dívidas diretamente ligadas às apostas, e, ainda mais grave, 48% deles recorrem a empréstimos para continuar jogando.
Esses números não são apenas estatísticas: são reflexos reais de famílias endividadas, pessoas em sofrimento emocional, e uma juventude sendo seduzida por promessas de dinheiro fácil.
O contraste é gritante. Enquanto uma massa de brasileiros perde dinheiro, casas de aposta e celebridades influentes lucram somas exorbitantes. Reportagem da revista Piauí revelou que:
• Carlinhos Maia teria recebido R$ 40 milhões por ano da Blaze.
• Cauã Reymond teria fechado um contrato de R$ 22 milhões anuais com o site Bateu Bash.
• Virginia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do país, teria assinado um contrato com a Esporte da Sorte que lhe dava 30% do valor perdido pelos usuários, batizado internamente como o “Cachê da Desgraçadeia”, com um adiantamento de R$ 50 milhões. Posteriormente, ela teria migrado para a Blaze com um contrato de R$ 29 milhões por ano.
Em outras palavras: o que essas celebridades ganham divulgando jogos de aposta é exatamente o reflexo do quanto os seus seguidores perdem.
Apesar da gravidade da situação, a regulação ainda é falha. O CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que deveria zelar pela ética nas propagandas, ainda permite que esse tipo de publicidade seja veiculado inclusive em TV aberta e redes sociais, impactando públicos diversos — inclusive menores de idade.
As casas de apostas não estão mais restritas à internet. Elas patrocinam clubes de futebol, campeonatos esportivos, programas de televisão e eventos culturais, reforçando sua presença e tornando-se cada vez mais comuns no imaginário do brasileiro.
Assim como o álcool, o cigarro e outras substâncias viciantes, o jogo compulsivo também é uma forma de dependência. A facilidade de o às apostas online, somada à influência de celebridades e à falta de limites legais, transforma essa prática em uma armadilha silenciosa para milhares de brasileiros.
Por isso, é urgente que as autoridades tomem providências. E é importante que, como sociedade, emos a questionar mais criticamente os conteúdos que consumimos e os influenciadores que seguimos. Afinal, não há parceria publicitária inocente quando o que está em jogo é a vida financeira — e emocional — de milhões de pessoas.
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A tentativa de associar os ensinamentos de Cristo ao comunismo é um erro histórico, teológico e político e ignora o verdadeiro sentido do Evangelho.
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